As gramáticas da língua portuguesa nos ensinam que, entre outras formas, o pronome se é empregado como símbolo de indeterminação do sujeito. Dessa forma, ele detém a função de deixar vaga a ideia do sujeito. Por aí já se vê que quando o se está no meio da estória, alguém está perdido. E esse alguém é o sujeito. E esse sujeito pode ser você.
O se é o famoso contar com o ovo na galinha. É esperar por uma coisa que pode ou não acontecer, independente da sua vontade. O se do futuro é a confiança cega na esperança. É como apostar as datas de nascimento dos familiares na Mega Sena e fazer planos com o prêmio milionário. O se do passado é imaginar que haveria uma chance de apertar o reset. Lamentar que poderia ter sido diferente, se fossemos um pouco mais espertos. Lamentar a nossa burrice, culpada pelo nosso ataque à caixa de bombons.
Reconhecer o se pode ser útil. Mesmo que o botão reset não esteja funcionando, a gente sabe que da
próxima vez pode tentar diferente. E calcular possibilidades futuras pode ajudar a escolher alternativas melhores. Mas é preciso ter cuidado, porque a desilusão de uma jogada errada é chata e incomoda. E a lamentação por uma escolha mal feita, quando perdura, não serve pra nada além de nos cegar diante de novas e melhores possibilidades.