segunda-feira, 23 de agosto de 2010

vó Mariquita

não dá pra me explicar sem ela. nasci e cresci ao seu redor. me acostumei ao seu cheiro, ao seu jeito, ao seu sorriso, a todas as suas manias loucas, que eu detesto. sinto que essas manias e esse jeito vem passando pra minha mãe aos poucos. e morro de medo de reconhecê-las um dia em mim.
mas me reconheço em suas mãos gordinhas e enrugadas. no seu olhar triste e carente. no seu jeito leve de ver a vida. na sua esperança. na saudade. no amor incondicional que ela sente. na doçura das palavras que ela enrola e solta aos poucos, quando fala no seu primeiro e único amor.
ela anda se esquecendo das coisas. às vezes, quando conversamos durante as poucas horas de visita ela me pergunta a mesma coisa três ou quatro vezes. mas pra ela eu tenho paciência. e sei que de mim ela não esquece. ela não esconde de ninguém: eu sou a preferida. a neta que ela mais gosta, o seu xodó.
minha vó Mariquita é sem dúvida, uma das pessoas mais importantes da minha vida. e ficar longe dela assim dói demais em mim. e dói mais ainda não poder fazer nada para diminuir a distância. eu prometi pra ela que um dia a levo comigo. tenho meus planos pra isso, mas sei das dificuldades. mas prometo pra mim, que mesmo que eu não possa levá-la comigo, estarei mais perto dela.
tenho tantos planos para nós duas... quero sentir suas mãos na minha barriga, quando eu estiver esperando seu bisneto. quero levá-la pra passear na Lagoa da Pampulha. quero comprar sorvete de todos os sabores que ela pedir. quero que ela prove dos meus pratos de domingo. quero plantar junto com ela, as mudas das rosas que vão enfeitar o meu quintal. quero desfrutar por muito tempo do nosso amor de vó e neta que só a gente sabe como é.

minha vó é meu bem maior. é meu amor melhor.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

é meu!

certa vez, escrevi sobre minha acidez. talvez, aquele fosse um dos últimos momentos de minha fase verde. sim, verde, que nem fruta.
hoje, posso dizer que estou quase lá. nem verde, nem madura. amadurecendo aos poucos. sem agrotóxicos. talvez algum adubo natural, no máximo.
chego ao ponto em que olho pra trás e enxergo meus erros, meus tropeços não mais como tolices minhas. os enxergo como acontecimentos que fazem parte do meu caminho. que me levaram a chegar onde estou. e estou feliz aqui.
ainda estou fazendo escolhas. abrindo algumas portas, fechando algumas janelas. e nesse momento, a trajetória anterior é útil.
me lembro sempre do debate ferrenho na História. a briga entre os que acreditam que ela possa nos ensinar a lidar com o futuro e os que abominam essa idéia. mas isso não me vem ao caso. nem quero pensar. o que interessa é que eu aprendi sim, comigo mesma. e claro, aprendi que às vezes é bom escutar a mãe. praga de mãe pega! mas aprendi também (e acho que até ela aprendeu), que era necessário que a vida me ensinasse.
mas no fundo, sinto que esse é um momento especial. talvez por eu agora poder colocar em prática essas coisas que a gente colhe.
me sinto satisfeita com cada passo que tenho dado. me orgulho muito de minhas conquistas e entendo que elas devem significar (e significam um tanto) apenas para eu própria. o que eu consigo com meu trabalho, com meus estudos e com minha perseverança, é meu. de mais ninguém. pertence a mim o cansaço, o medo, a vontade de desistir como também me pertencem a fé, a calma, a persistência e a luta.

anotem aí: um dia eu chego lá.

essa fruta está amadurecendo. e sua amadurecência tem um sabor único. eu só quero me deliciar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

esses dias

são dias em que eu acordo na hora, mas chego atrasada. dias em que meu cabelo está sempre estranho. minha pele, nem falo nada.
dias em que o apetite é grande. imenso. comida é a palavra que não sai da minha cabeça. hoje comi de tudo: desde maçã, salada coloridinha no almoço (sem coca-cola) até cheese-bacon (com coca-cola, claro!) no jantar, passando por um chocolate Nestlé Moça, durante a novela das 6.
isso porque eu voltei pra casa planejando trocar a novela das 6 por uma corridinha no estacionamento da UFOP. é, aqui em Ouro Preto só tem morro. o único lugar pra caminhar/correr é um estacionamento médio, tipo uma praça.
o banho, foi ao som de Muse, e eu sonhando em um dia cantar assim numa banda de rock. calçar botas pretas de couro, um vestido coladinho no corpo e uma voz rouca gritando: give me your heart and your soul. entre olhares de poder pro baixista e jogadas de cabelo estratégicas pra chamar a atenção do vocalista/guitarrista. detalhe: eu cantaria mascarada, pra ninguém saber que era eu. não, não tenho fantasias sexuais. mas coleciono todos os outros tipos de fantasias que possam existir.
esses dias a minha cabeça não pára. penso na rotina, nos horários, nas contas, nas notas, no que falta pra estudar, no fim-de-semana, no que vou comer daqui a 15 minutos, na faxina, nas roupas pra lavar, na bolsa pra consertar, no cabelo pra cortar, na unha pra arrumar, no concurso, no namorado, na mãe, no dia dos pais, na Ana Maria Braga, na carona de sexta pra casa, nas eleições, na decisão da Copa do Brasil, na gatinha da tia Rita que tá grávida, etc. e no fim, não chego a lugar nenhum além do próximo chocolate.
esses dias, eu penso em você com saudade. tenho vontade de te ligar e dizer que estou apaixonada. tenho vontade de escrever cartas e cantar pra você todas as canções do Erasmo. aliás, acabei descobrir que o Erasmo é foda! quando eu for cantora, vou gravar um disco só com música dele.
hormônios saltitantes. feminilidade.
agora vou dormir, ouvindo Erasmo, meu novo ídolo.