Existe uma coisa mágica, que provoca em mim sensações únicas. Não sei explicar como acontece, mas de repente me sinto envolvida por uma energia que me traz paz, alegria, amor, euforia. Um êxtase. É como se eu estivesse hipnotizada, em transe. Isso acontece quando eu ouço música.
Mas é claro que não é qualquer música. Tem que ser AQUELA música. A música que se encaixa perfeitamente com o momento, com a pessoa, com o sentimento. E música que se encaixe em mim dessa forma, é o que não falta. São várias as que são capazes de me fazer sentir o coração bater, o nó na garganta, o brilho nos olhos, o sorriso se formando, as palavras saindo devagar da minha boca formando a letra, o meu corpo se mexendo no mesmo ritmo.
Aprendi esse ritual numa casa muito especial, na Rua do Ouro. Na sala, no terraço, ou em volta da churrasqueira ouvi canções que me tocaram muito e vi meus familiares se emocionando com canções que faziam parte da vida deles. Meu pai, principalmente, é o cara que entra nesse clima mágico e se purifica através do som. Parece que ele vai se refazendo, recarregando as energias e colocando pra fora um turbilhão de emoções que guarda dentro de si. É ali, ouvindo a música, nesse ritual mágico, que a gente transborda.
E foi num desses dias de festa, comida e música boa na casa da Rua do Ouro, que eu cheguei a essa conclusão: música é a melhor coisa do mundo. Estávamos ouvindo Los Hermanos, claro. Mas hoje, ao ler
esse post do meu pai, concluí novamente: música é a melhor coisa do mundo. E tenho certeza que em muitos outros momentos essa conclusão virá a tona.
É tradicional lá nos Almeida ouvir música no volume máximo e cantar mais alto que o som. Não se importar com a afinação ou com o que os vizinhos vão pensar. Simplesmente ouvir, cantar, relaxar e curtir. É um momento único, mesmo que a canção esteja tocando pela décima vez. E eu me rendi a essa tradição. Gosto muito de ouvir e cantar. Ultimamente tenho ficado mais no fone de ouvido, porque a vida em coletivo me priva de certas delícias pessoais. Mas eu juro que às vezes dá vontade de ignorar os que estão em volta e soltar a voz. Às vezes até faço, mas é raro. Sou tímida.
Deve ser por essa coisa com a música, que veio no meu DNA, que eu me apaixonei loucamente por um músico. E pretendo cantar e dançar com ele pro resto da vida.