sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sobre coragem

Na semana passada, estivemos falando no Meninas Improváveis sobre sonhos e eu escrevi esse post aqui. O tema é extremamente forte pra mim e pra não complicar demais as coisas, tentei resumir tudo em um parágrafo, definindo como um ciclo vital o processo sonhar-acreditar-viver-realizar. Talvez o "viver" e o "realizar" não ocupem uma sequência exata, podendo sofrer uma inversão, dependendo do momento. Mas o fato é que sonhar está completamente ligado a viver, na minha concepção filosófica de vida e de sonho. 

O grande problema pra mim, pisciana, idealizadora, cabeça nas nuvens, sempre foi assumir isso. Assumir que tenho sonhos. E um outro problema, que sempre andou de mãos dadas ao primeiro era a minha mania louca e absurda de dimensioná-los, tentando fazer uma associação ridícula entre o tamanho do sonho e a possibilidade de sua realização. Eu seguia uma (i)lógica de que quanto maior, mais difícil. Ou até mais impossível. 

Talvez um bom terapeuta pudesse descobrir o porque logo eu, tão sonhadora, morria de medo de sonhar. E ainda porque eu estou aqui tentando racionalizar isso tudo. Logo eu, que sempre fui mais de coração do que razão, por muito tempo fui capaz de usar a cabeça, ignorando as batidas do meu coração e priorizando questões racionais, quando tratava de meus sonhos. Eu mesma fui criando, um a um, todos os obstáculos que podia para me afastar do que eu realmente queria. E do que idealizo antes de dormir. Meus sonhos sempre foram os meus maiores segredos. Só falo neles com as pessoas de meu convívio pessoal em tom de brincadeira, numa tentativa de não revelar a ninguém, por vergonha, talvez. Como é que pode, uma menina do interior, que estudou em escola pública, cuja família teve que abidicar de seus sonhos em prol de suas responsabilidades, pensar que um dia poderia escrever um artigo pra uma revista? E que poderia viajar a trabalho, pra fazer uma matéria? Ou que poderia subir ao palco para representar um personagem? É, até podia, sim. Mas apenas em segredo. Apenas nos delírios noturnos que antecedem as projeções do inconsciente. 

Antes de assumir meus sohos pro mundo, existia um degrau mais alto ainda. Escorregadio, também. A grande dificuldade de assumir pra eu mesma. Porque os outros podem rir. Podem xingar. Podem ignorar. Enfim, a reação deles é apenas problema deles, não é problema meu. Mas a minha reação é o que relamente importa, o que realmente interessa. Porque sonhar acordado com a carreira ou com o futuro que quer, todo mundo faz, já fez ou fará um dia. O desafio é aceitar. Acreditar e assumir que é isso aí e pronto. E escolher se vai continuar nas nuvens ou vai resolver colocar os pés no chão, na rua e seguir o caminho, seja ele qual for. 

Hoje eu resolvi assumir o que eu quero. Marquei a opção que meu coração pediu. Pode ser que eu não consiga, pode ser que eu não dê conta, pode ser, inclusive, que eu tenha escolhido a opção errada. Mas eu escolhi. E prefiro me lamentar no futuro por ter errado ou não ter conseguido, do que viver me lamentando por não ter ao menos tentado. Estou aceitando o desafio. Com as mãos trêmulas e as pernas bambas. Mas com a firmeza de que de alguma forma, há de valer a pena.

5 comentários:

Daiany Maia disse...

Se a gente percebesse que a vida pode ser difícil pra qualquer coisa, a gente arriscaria mais. O que eu quero dizer é que muitas vezes a gente não se arrisca a fazer um pernil assado porque é difícil mas acaba indo esquentar um leite e deixa derramar, fazer aquela lambança e ainda percebe que ao tomar leite quente dá um enjoo danado, sem contar a vontade de comer pernil que continuará por dias, meses...

Acho que a gente tem que tentar fazer coisas que aparentemente estão muito além do que seria o "aceitável pra nós", é por não tentar que existe tanta gente medíocre no mundo.

Tente sim, antes errar pelo exagero, é o que eu penso.

beijo

Luna Sanchez disse...

Tô com um nó na garganta, Carol, com vontade de te dar um abraço apertadinho, sabia?

Excelente post, cheio de maturidade, sinceridade e clareza.

=D

Um beijo, flor.

Taty N.S. disse...

Coragem as vezes é difícil, e acabamos complicando algo que seria tão mais simples se apenas vivessemos,escolher o caminho que nosso coração grita, e ignorar vozes alheia.
Belo texto...
Beijos!!!

Alexandre Lucio Fernandes disse...

Esta escolha é muito importante. Além de ser algo que necessita firmeza, apenas o fato de querer já faz uma diferença enorme.

E acredite. Vai valer a pena.

Beijos!

Elaine Gaissler disse...

É curioso perceber que muitos de nós abafamos nossos sonhos porque já impusemos as reações dos outros como castradoras e coisa e tal, às vezes nem será assim como imaginamos, mas se for, e daí?! Nós é quem carregaremos o "peso" da nossa escolha.
Sabe, eu também estudei em escola pública, sou de uma família simples e moro no meio do mato (pelo menos é assim que as pessoas de outros lugares veem minha cidade), mas eu, que sou cristã, sempre me lembro que também desdenharam do Salvador Jesus Cristo porque ele era "filho do carpinteiro" e vinha de uma cidadezinha "sem prestígio" (Nazaré), e ele simplesmente SALVOU O MUNDO.
Então, Carol, você merece sim realizar um sonho justo, porque a despeito de onde viemos e da experiência que temos, somos dotados de dons e talentos e potencial divinos.
E que bom que você escolheu se realizar.