Depois de limpar a casa com aquele desinfetante que tem cheiro de quarto de bebê, vou estender na minha cama uma colcha de retalhos - na verdade, hoje em dia se encontra nas lojas algo mais parecido com patchwork, que é uma graça - e ajeitar nosso porta-retrato no criado-mudo. Vou recolher do varal as toalhas macias e cheirosas e guardá-las na gaveta da cômoda, prontas pra que, depois daquele nosso banho quente e gostoso, você deixe na azul o seu cheiro.
O Chico virá em minha direção, ronronando, pedindo carinho, manhoso como sempre. Pegarei seu leitinho e sua ração e colocarei ao meu lado, perto do sofá. Enquanto ele bebe o leitinho contente, eu pego uma colher de goiabada e ligo o som. Ouviremos juntos o Erasmo, cantando nossa música preferida. Na cozinha, a água já está fervendo no fogão. Logo eu vou passar o café. A manteiga derrentendo no pão... sessão da tarde na TV. Chico deita no meu colo, pisca os olhinhos azuis com carinho pra mim. Peço a ele que me prometa que não vai mais comer os brotinhos da samambaia. Ele só olha pro lado e eu me lembro que também não aprendi a cumprir todas as promessas.
A noite vem chegando e depois do meu show acústico no banho, me lambuzo de hidratante de camomila e lavanda. Visto aquela velha camisola de algodão e vou pra cama com o Rubem Alves.
2 comentários:
Lindo texto!
A tendência do Chico é comum, né?! rsrs
Gostei tanto da tolha azul macia esperando pelo cheiro bendito!
Ai, ai...
=)
Beijo, flor.
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