quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Coisa de gente grande




De todas as minhas nostalgias, a que perdura é a da inocência. Talvez porque seja aquela inocência gostosa umas das coisas que o tempo e a vida me roubaram de uma forma mais cruel, tão definitiva. Dá saudade de quando eu sabia saborear um algodão doce sem pressa, sem medo, sem culpa. Dá saudade de quando eu só precisava fazer as contas da prova de matemática, que mesmo com dificuldade, de um jeito ou de outro eu me livrava disso. Dá saudade de quando não era necessário se preocupar tanto. E sobrava mais tempo pra sonhar. 

Disse hoje a um amigo que é difícil não racionalizar tanto as coisas aos 25 anos. Penso, logo desisto. E é por isso que não me arrependo de ter agido bem mais que pensado aos 15 anos. Como era bom fazer as coisas por elas mesmas, sem sofrer tanto com as consequências que ainda estavam por vir. Como era bom seguir os desejos e saber aproveitar o gosto de cada um deles, o máximo que pudesse. 

Eu fui aprendendo aos poucos a pensar muito. Fui vendo que as coisas são mais sérias do que parecem. E confesso que às vezes levo a sério demais essas coisas que eu aprendi. Fui preenchendo minha vida de coisas adultas e me distanciei demais da criança alegre que eu tinha dentro de mim. Aquela menina que não precisava de muito mais do que as bolinhas de sabão. Hoje eu vejo que estou me tornando uma adulta que vive medindo sonhos. Fazendo cálculos com as expectativas com todo o cuidado de não se decepcionar e de não frustar os outros. E de repente bate uma sensação de que está tudo errado, de que eu posso ser melhor do que isso. E de que eu nem preciso de tanto. E de que ser feliz não precisa dar tanto trabalho. 

Talvez eu só precise de verdade de um bambolê, um copo com água e sabão e um canudinho. Depois disso, o sorriso no rosto vem de graça. E é muito mais sincero.

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