*Texto inspirado no post perfeito da Frau, que pode ser lido aqui.
"Nem por você
Nem por ninguém
Eu me desfaço
Dos meus planos
Quero saber bem mais
Que os meus 20
E poucos anos..."
Nem por ninguém
Eu me desfaço
Dos meus planos
Quero saber bem mais
Que os meus 20
E poucos anos..."
Fábio Jr.
Além da queimação no peito, existe o nó na garganta. Porque algumas coisas ainda não conseguimos digerir bem. Na pressa, não mastigamos corretamente ou tivemos que trocar muito cedo a comidinha da mamãe pelas porcarias que engolimos por aí entre o trabalho e a faculdade.
Há alguns anos atrás, nessa idade, com a qual o meu querido Fábio Jr. se encheu de ilusões e, de tabela, me encheu também, nós éramos outras e os nós, claro, eram outros também. Estaríamos com duas prováveis preocupações nos fazendo sentir arder o peito: se sortudas, o enxoval e a lista dos convidados; em outros casos, o pedido de noivado.
O tempo passou, o que tinha que mudar mudou, e o improvável aconteceu: nós agora ardemos por outros motivos - o que não implica, em alguns casos, por sorte ou por azar, a falta daquele outro antigo, desgastado, escasso, porém ainda não totalmente esquecido: o casamento. Os nós agora são sentidos de forma mais violenta e com mais frequência. E se contamos com as mesmas 24 horas para dar conta de tudo e mais um pouco, as queimações no peito na madrugada são mais incidentes.
Hoje, as propagandas dos últimos lançamentos de carros ou das mais novas tecnologias da informática dividem a nossa atenção com os comerciais de margarina. Chegamos a um ponto em que se instala sobre as nossas cabeças uma nuvem de interrogações. O peso de tantos questionamentos em nossas costas compete com a dor nos pés depois de um dia inteiro em cima do salto alto. Nossos corpos estão cansados. Renovamos nossas energias no impulso da busca de nossas conquistas. Estamos a caminho dos 30 e quais de nós não pretende chegar lá absolutamente poderosas?
Temos a chance de dar a palavra final e o acesso aos meios para conquistar o que é nosso. Mas conquistar o quê, afinal? Por enquanto, no auge dos meus vinte e poucos anos, a única certeza é a de que tenho mais possibilidades de escolha. Porém, quanto maiores as possibilidades, maiores são as interrogações sobre a nossa cabeça. E elas pesam. Ah, como pesam!