sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Noites de Quinta - Capítulo II - O garçon - parte 1

"Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem."
Fernando Anitelli
Janeiro, férias, nada pra fazer, sem grana pra viajar e sem namorado. Eu e a Júlia resolvemos sair à tarde. Adivinha pra onde fomos? Shopping, claro. Resolvemos correr atrás de alguma liquidação, mas acabamos mais cansadas do que satisfeitas com as compras. Eu ando com culpa pra tudo. Não consegui comprar muita coisa. Após experimentar cada peça de roupa a pergunta que vinha à minha cabeça era: você realmente vai ser mais feliz com essa blusa? O que ela pode fazer por você? E assim, lembrando da minha atual situação finaceira, fui adiando vaidades. No fim da tarde eu estava exausta. Saímos do shopping acompanhadas por um milk shake de chocolate e com menos sacolas do que eu gostaria. No meio do caminho pra casa o celular da Júlia toca e ao ver quem era ela fez a cara de safada que eu sem bem o que significa. Como ela estava dirigindo, pediu pra que eu atendesse.
- Vai, Marcela, atende. Fala que sou eu. Esse cara nem sabe direito como é minha voz.
- Ai, Júlia! Não vem me arrumar encrenca...
- Atende logo, Marcela!!! Quem sabe a gente arruma alguma coisa pra fazer hoje a noite?
- Ah, tá bom. Alô?
- Oi, Júlia... tudo bem?
- Ei, tudo e vc?
- Sabe quem tá falando, né?
- Sei, claro... (risos)
- Então, o que você vai fazer hoje à noite?
- Ah.. por enquanto nada... tô com uma amiga, tô indo pra casa. Fomos no Shopping fazer umas comprinhas.
- Então... vai rolar uma festinha de um amigo meu hoje. Ele vai comemorar o aniversário lá no bar. Aí vai ficar fechado só pra galera convidada. Você não tá afim de ir?
- Hummm... que horas?
- A partir das dez... chama sua amiga pra ir junto. Vai ficar bacana lá. E hoje eu vou só curtir, nem vou trabalhar.
- Ah, tá bom. Eu vou ver com ela aqui e te ligo de volta, pode ser?
- Claro, gata! Fico te esperando então. Um beijo.
- Beleza! Beijo.
- Ele tá chamando a gente pra ir no aniversário de uma amigo dele. Quem é esse cara, hein? Que cara é essa? Te conheço, Júlia... pode me contar.
- O nome dele é Bruno. Ele é garçon. Gatíssimo. Super gostoso. Não podemos perder essa festa.
A Júlia me deixou em casa pra eu me arrumar e mandou uma mensagem pro celular dele confirmando nossa presença. Eu nunca tinha ouvido falar no bar em que o Bruno trabalhava, mas ela me garantiu que eu ia adorar o lugar.
Chegamos lá por volta de 22:30 e já tava até cheio! Um pessoal bonito, até. Tanto mulheres quanto homens. O bar era muito bacana mesmo! Música boa, decoração chique. Logo que entramos o Bruno nos viu e veio nos cumprimentar.
- Júlia, que bom que você veio!
- Ei, Bruno! Deixa eu te apresentar, essa é a Marcela...
- Oi, prazer, tudo bom?
- Beleza, Marcela? Fique a vontade, tá?
- Obrigada!
O moço (lindo mesmo!) foi buscar cerveja pra gente e nos apresentou ao aniversariante, que era feinho, tadinho, mas muito simpático.
A noite foi passando e o Bruno não saía de perto de nós. Conversamos muito, dançamos, bebemos. Foi uma noite incrível.
Já era tarde quando eu fui ao banheiro com a Júlia e perguntei se ela não ia pegar o Bruno. Ela disse que tava muito afim, mas que só ia rolar com uma condição: eu teria que ir junto.
Eu fiquei arrepiada na hora que ela me olhou e disse isso. Olhei pra ela e pensei em fingir que não tinha entendido, levar na brincadeira. Mas apenas retoquei o batom e abri um sorriso. Voltamos pro bar e ela foi falar com ele.
o Bruno sorriu pra mim enquanto a Júlia falava ao ouvido dele. Eu quase morri de vergonha, mas retribuí o sorriso. Saímos da festa sem falar com ninguém. A Júlia jogou a chave do carro pro Bruno e disse pra ele nos levar para "aquele lugar".
Entrei no carro com o coração disparado e as pernas tremendo. No fundo eu sabia que só ia me divertir...
Chegamos a um prédio simples, perto do bar. Era a casa do Bruno. Ele morava sozinho numa kitnet. Era garçon nesse bar e fazia uns bicos de modelo fotográfico.
Ele foi entrando e tirando a camisa branca que vestia. A Júlia abriu a geladeira e pegou 2 cervejas. Entregou uma pra ele e a outra pra mim.
- Querida, hoje nós vamos dividir a cerveja e o homem. Amigas são pra essas coisas, né?
O Bruno me agarrou e começou a me beijar de um jeito que parecia me hipnotizar. Quando percebi a Júlia já tava arrancando o resto da roupa dele. Não demorou muito pra eu estar na cama com os dois. Não queria pensar em como eu ia olhar pra cara da Júlia depois, mas eu não conseguia parar.
Acordei abraçada com o Bruno. Ele passou a mão nos meus cabelos e disse no meu ouvido que tinha gravado seu número no meu celular. A Júlia tinha deixado um bilhete de bom dia pra nós dois. Voltei pra casa de ônibus, com aquele sorriso de "a noite foi boa".

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