segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

fotografia

o casal entra no bar. nota-se nas mãos dela uma ansiedade discreta e nos passos dele a denúncia de suas incertezas. eles conversam, ainda tímidos. nas mãos dele, uma aliança dourada explica seus passos incertos. nas mãos dela, apenas um anel de camelô explica as batidas descompassadas no peito. a noite vai passando acelerada. a cerveja desce rapidamente. ela sorri, esquece a chuva caindo lá fora e então passa a só ter olhos para os lábios dele. ela só pensa em beijá-lo. nada mais importa. só existe ali desejo, carinho, paixão.
aos poucos ele esquece o medo. se entrega ao convite das mãos dela, tão macias, em sua nuca. ele escuta as histórias bobas dela e sente vontade de fazer parte. ele sonha em ter seu nome nas loucuras que ela vai contar pra melhor amiga na semana que vem.
a noite passa. as bocas não querem mais se desgrugar. eles já não escodem de ninguém que há entre eles uma coisa que ainda não sabem o nome - ou não querem assumir que sabem - mas que os faz assim, tão necessitados um do outro.
os dois saem em direção ao desejo, que só aumenta. ela o arrasta pra chuva. não há nada a perder. e ela vai, pra qualquer lugar. ela está de mãos dadas com ele, e isso é o que vale.
um se perde no outro. a noite vai, cada vez mais rápido, cada vez mais intensa. agora é um corpo que se joga no outro, sem vontade de voltar.
ela faz manha, faz carinho. gosta de ouvir a voz dele a chamando de "minha". adora ser dele. se entrega no meio de uma brincadeira louca, em um pra sempre que ela sabe que tem hora pra acabar. no fundo ela só quer oferecer seu colo, sem pedir nada em troca. mas ele insiste em dar prazer, em fazer com que se sinta desejada. ele abusa da vaidade dela. e aí, ela se perde. quando se dá conta, já está nas mãos dele. ele pode fazer o que bem quiser.
não há porque negar que havia ali, naquele quarto, rastros de paixão por todos os cantos.
mas em algum momento, essa noite acaba. e quando amanhece, só fica uma saudade.
que encomoda.

3 comentários:

Unknown disse...

Impressionante!!!
És sem dúvida um "Bestsseler" !!!!
Meus parabéns...

Bejo.

Michele disse...

Muito ruim quando a noite acaba sem a certeza da presença nas manhãs constantes. Só resta a saudade mesmo...

Um beijo, querida!

Elaine Gaissler disse...

Oi Carol, tô te seguindo, gostei que só do seu blog.
Que fotografia, menina! rsrs