Chega um momento em que o trabalho passa a ocupar um lugar importante na sua vida. Ele se torna parte fundamental de um processo que envolve tudo. Ele é a atividade mais importante da sua rotina. Afinal, você precisa muito mais dele, do que ele precisa de você. Eu vivo atualmente uma relação de amor e ódio com o trabalho: preciso dele para viver, mas não gosto do que faço. Acho que gosto menos ainda dessa dependência que o trabalho exerce sobre mim. Não sei me explicar bem.
O fato é que agora que descobri que o trabalho existe, está aqui todos os dias e assim será pro resto da minha vida, tenho que decidir o que fazer com ele. Ele é o parceiro que irá me acompanhar independente da minha vontade. Afinal de contas, não nasci rica, não herdei nenhuma fortuna capaz de me sustentar e nem fui ganhadora da Mega-Sena - e estou longe de ser, porque nem jogo. Portanto, só me resta escolher (ou pelo menos tentar) qual vai ser o tipo de companheiro que eu terei, se não pelo resto, por um bom tempo na minha vida. E essa consciência, eu só tenho agora, depois de ter passado por mais da metade de uma graduação, ter parado de estudar porque comecei a trabalhar e estar prestes a retornar aos estudos e concluir minha escolha.
Parece que ganhei uma nova chance. Do destino, sei lá de quem, de mim mesma, mas ganhei uma nova chance de escolher. O que fazer? Agora, 5 anos depois de minha primeira escolha diante de um vestibular, as dúvidas são outras. Não é sobre o curso em si que eu tenho pensado. Mas sim sobre a profissão a que ele leva. E como não pensar na remuneração? Dinheiro é mais que necessário. É essencial, infelizmente.
Eu, que não sou apaixonada por nada, fico perdida. Quero um trabalho que possa me dar oportunidades de encontrar felicidade e realização em outros campos, além dele próprio. Um trabalho que possa me dar o direito de fazer um curso de línguas, de viajar nas férias, de ir ao cinema, ao teatro, ao show bacana que vai ter no fim-de-semana, de comprar um bom presente pra minha mãe no seu aniversário, de frequentar uma boa academia, de continuar fazendo curso de teatro, de pagar as prestações do financiamento de uma casa, de juntar grana pra comprar um carro, de fazer uma previdência privada, construir uma família, dar uma boa educação ao meu filho, decorar o quarto do bebê com girafas, elefantes, macacos e zebrinhas e, enfim, comprar os sapatos da vitrine.
Será que estou querendo demais?