"todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem"
Fernando Anitelli
Fernando Anitelli
- Marcela?
- Presente.
Peguei logo minha bolsa e saí da sala. O dia não tinha sido bom. Também não tinha sido ruim, mas eu tava chata. Queria logo ir pra casa, tomar um banho e me esparramar no sofá. Já tinha desistido de esperar o telefone tocar. Aquela desculpa de que a bateria acabou e "daqui a pouco te ligo" não colou mas também não fez nenhuma diferença. O mau-humor já tava no nível 8, em uma escala de 1 a 10. Com certeza chegaria ao nível 11 quando chegasse ao ponto de ônibos. Adoro fazer as pessoas me esperarem. Odeio esperar qualquer coisa que seja.
Estava eu lá, parada, impaciente esperando o maldito ônibus. Pensei em ligar. Pensei em mandar uma mensagem de cobrança. Pensei em fazer a pergunta ridícula: esqueceu de mim? A resposta eu já sabia, estava cansada de saber. Poderia até não ter esquecido. Mas naquela noite deveria haver algo mais interessante do que ver tv ao meu lado.
Eu olhava todos os carros que passavam. Em um deles, estava o professor. Achei que nem fosse me enxergar. Mas pra minha surpresa, parou e ofereceu carona. Entrei no carro e ao ouvir sua voz me arrepiei. No som um blues deixava o ambiente e ele ainda mais sexy. Como eu nunca tinha reparado nas sua mãos? Molhei os lábios quando vi ele trocando de marcha e imaginei aquelas mãos nos meus quadris.
Qual seria o problema se eu demonstrasse algum interesse? O máximo que poderia acontecer era eu tomar mais um fora. talvez até dormiria melhor, mais apagada. E na sua voz, eu já tinha reparado. Voz de cafajeste. Não seria muito provável que ele resistisse a um charme.
Ele perguntou como eu estava. Eu respondi: com calor, com sede, estressada e louca por uma cerveja gelada. Então decobrimos uma coincidência e resolvemos mudar o caminho. Paramos no primeiro bar que apareceu e lá ficamos até as 2:00.
Descobrimos detalhes incrivelmente parecidos de nossa personalidade. Exatamente às 23:48 ele me contou de sua primeira viagem à Europa. Às 00:23 começamos a falar sobre música. Quando o relógio apontava 01:36 ele me confessou ser apaixonado por mulheres de seios fartos. E indiscretamente, conferiu o meu decote. Eu não parava de olhar pro celular. Ainda restava uma esperança ingênua. Após o último gole de cerveja saímos em direção ao carro. Eu não queria ir pra casa. E foi isso que eu disse. Desliguei o celular enquanto senti sua mão apertando minha coxa. Era tarde demais...
- Presente.
Peguei logo minha bolsa e saí da sala. O dia não tinha sido bom. Também não tinha sido ruim, mas eu tava chata. Queria logo ir pra casa, tomar um banho e me esparramar no sofá. Já tinha desistido de esperar o telefone tocar. Aquela desculpa de que a bateria acabou e "daqui a pouco te ligo" não colou mas também não fez nenhuma diferença. O mau-humor já tava no nível 8, em uma escala de 1 a 10. Com certeza chegaria ao nível 11 quando chegasse ao ponto de ônibos. Adoro fazer as pessoas me esperarem. Odeio esperar qualquer coisa que seja.
Estava eu lá, parada, impaciente esperando o maldito ônibus. Pensei em ligar. Pensei em mandar uma mensagem de cobrança. Pensei em fazer a pergunta ridícula: esqueceu de mim? A resposta eu já sabia, estava cansada de saber. Poderia até não ter esquecido. Mas naquela noite deveria haver algo mais interessante do que ver tv ao meu lado.
Eu olhava todos os carros que passavam. Em um deles, estava o professor. Achei que nem fosse me enxergar. Mas pra minha surpresa, parou e ofereceu carona. Entrei no carro e ao ouvir sua voz me arrepiei. No som um blues deixava o ambiente e ele ainda mais sexy. Como eu nunca tinha reparado nas sua mãos? Molhei os lábios quando vi ele trocando de marcha e imaginei aquelas mãos nos meus quadris.
Qual seria o problema se eu demonstrasse algum interesse? O máximo que poderia acontecer era eu tomar mais um fora. talvez até dormiria melhor, mais apagada. E na sua voz, eu já tinha reparado. Voz de cafajeste. Não seria muito provável que ele resistisse a um charme.
Ele perguntou como eu estava. Eu respondi: com calor, com sede, estressada e louca por uma cerveja gelada. Então decobrimos uma coincidência e resolvemos mudar o caminho. Paramos no primeiro bar que apareceu e lá ficamos até as 2:00.
Descobrimos detalhes incrivelmente parecidos de nossa personalidade. Exatamente às 23:48 ele me contou de sua primeira viagem à Europa. Às 00:23 começamos a falar sobre música. Quando o relógio apontava 01:36 ele me confessou ser apaixonado por mulheres de seios fartos. E indiscretamente, conferiu o meu decote. Eu não parava de olhar pro celular. Ainda restava uma esperança ingênua. Após o último gole de cerveja saímos em direção ao carro. Eu não queria ir pra casa. E foi isso que eu disse. Desliguei o celular enquanto senti sua mão apertando minha coxa. Era tarde demais...